sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mito 10 - uma vez entendido o conceito, é fácil levar uma vida sustentável




Muitas vezes uma escolha que parece sustentável à primeira vista se revela problemática. Provavelmente o melhor exemplo seja corrida para produzir o etanol a partir do milho. O milho é um recurso renovável - pode-se colher e plantar mais, praticamente indefinidamente. Assim, a troca de gasolina pelo etanol de milho parece ser uma ideia - até que se faça uma análise mais profunda e se perceba qual é realmente o gasto de energia no plantio e na colheita do milho e na sua conversão em etanol.
Pode-se obter um pouco mais de energia do que se gasta na sua produção, o que, em princípio, ainda poderia tornar gasta na sua produção, o que, em princípio, ainda poderia tornar o etanol mais sustentável que a gasolina, mas ainda não soluciona o problema. Desviar o milho para fazer etanol significa sobrar menos milho para alimentar rebanhos e pessoas, elevando o seu preço. A consequência é a transformação de terras antes desocupadas - incluindo, em alguns casos, as florestas tropicais de países como o Brasil - em áreas de cultivo, que por sua vez liberam grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera.
No fim, após muitas décadas, o benefício energético de queimar etanol poderia compensar a perda das florestas. Mas, até esse momento, a mudança climática teria progredido tanto que essa providência não ajudaria.

Não se pode declarar nenhuma prática como "sustentável" até que se faça uma análise completa do ciclo de vida de seus custos ambientais. Mesmo assim, as políticas públicas e tecnólogicas continuam a progredir e essa evolução pode levar a consequências imprevisíveis e involutárias. A admirável meta de viver de forma sustentável requer bastante reflexão e de forma continuada.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Mito 9 - A sustentabilidade é basicamente um problema demográfico



Não é um mito, mas representa uma falsa solução. Todo problema ambiental é fundamentalmente um problema de população. Se a população mundial se resumisse a 100 milhões de pessoas, teríamos dificuldade de gerar lixo a ponto de congestionar os sistemas de limpeza da natureza. Poderíamos jogar todo nosso lixo em um aterro em alguma área longínqua e ninguém perceberia.
Os especialistas em demografia concordam que o melhor modo de limitar a população é a educação das mulheres e uma melhora no padrão de vida em geral nos países em desenvolvimento. Mas é impossível aplicar essa estratégia em tempo hábil. A ONU projeta que o planeta terá de sustentar outros 2,6 bilhões de pessoas até 2050. Mas mesmo no nível populacional atual, de 6,5 bilhões, consumimos os recursos em uma velocidade não sustentável. A verdade é que não existe um meio de reduzir a população significativamente sem bater de frente nos direitos humanos (como fez a China com a sua política de filho único), no incentivo ao suicídio em massa ou algo pior. Nenhum dessas propostas parece ser preferível a concentrar-se diretamente em um uso menos devastador de recursos.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mito 8 - A resposta está sempre em uma nova tecnologia



Não necessariamente. Durante sua campanha presidencial, Barack Obama cometeu um erro tático de enfatizar que, calibrando os pneus corretamente, os americanos poderiam poupar milhões de litros de gasolina, graça à melhora no consumo de combustível. Foi ridicularizado pelos republicanos. Entretanto estivesse certo.
Em outras palavras, algumas vezes a tecnologia existente pode fazer uma imensa diferença. Em outras é preciso um modelo administrativo diferente. O empresário israelense Shai Agassi, por exemplo, gostaria de converter a frota mundial de carros em veículos movidos a eletricidade - com certeza, um grande passo na redução das emissões de carbono -, não com a invenção de uma bateria que dure 300 km por recarga, mas criando um sistema melhor que possibilite aos motoristas andar tanto quanto queiram sem recarga. Seu projeto adotado como piloto em Israel e na Dinamarca, criaria, ao longo das estradas postos de troca de baterias, semelhantes aos cilindros de gás que usamos atualmente em nossos fogões. O que fazer na estrada quando a bateria estiver acabando? Entre em um posto, troque sua bateria descarregada e pegue a estrada novamente.
Ele está oferecendo distâncias, e não baterias melhores.
Existe uma empresa italiana que vende água quente a seus consumidores, e não a energia para aquecer a água. É uma forma diferente de medida, que propicia à empresa um incentivo para ser mais eficiente a fim de ser mais lucrativa.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Mito 7 - Depende de nós (consumidores)



As ações de comunidades populares são úteis e absolutamente necessárias. Mas o progresso em determinados projetos, como a contenção de emissões de CO2, só acontecem com rapidez com a participação das autoridades. Por causa disso, os impostos, as normas obrigatórias de qualidade dos combustíveis e ações semelhantes são quase inevitáveis. Essa conclusão leva os pregadores do mercado livre à loucura, mas eles trabalham com a hipótese de que o uso inadequado dos recursos e a destruição do ambiente não tem custo, um equívoco facilmente demonstrável.
Para citar apenas um exemplo, a devastação econômica é possível mesmo sob o mais ameno cenário plausível de mudança climática, na forma de problemas na agricultura causados por mudanças no padrão das chuvas e nas zonas de cultivo; as àreas costeiras mais densamente povoadas se tornarão inabitáveis com a elevação do nível do mar, entre outras situações. O preço cobrado atualmente das pessoas que lançam gases do efeito estufa à atmosfera, no entanto é zero.
Estabelecer uma taxa de emissão de carbono por tonelada é extremamente impopular, mas pela primeira vez constataria os custos reais do uso da energia não sustentável.
Os puristas do mercado livre, no que diz respeito a exaurir os recursos naturais, também argumentam que o aumento dos preços automaticamente induzirá as pessoas a um comportamento mais eficiente. Séria o correto - mas a transição pode ser dolorosa e caótica.
A razão primária da crise do setor automotivo americano é sua dependência há anos do alto lucro gerado pelos utilitários esportivos, grandes consumidores de gasolina. Quando o preço do petróleo disparou, no ano de 2009, o consumo de grande carros despencou. Portanto os compradores de veículos podem ter mudado seu comportamento, mas apenas à custo do potencial desastre de algumas das maiores empresas americanas e de seus funcionários.
Mesmo assim, o crescente aumento no preço de combustíveis teve o efeito de atrair novamente a pesquisa para os meios alternativos, como a energia eólica e a solar, além de outras possibilidades. Deixando o caos econômico de lado, podemos ao menos contar com as empresas automobilísticas que precisam fabricar carros mais eficientes, e os equipamentos necessários para encontrar fontes de energia mais sustentáveis. E é sobre isso que reflete em outro mito...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mito 6 - A sustentabilidade significa piorar o nosso padrão de vida



Totalmente errado. Significa, porém ter de fazer mais com menos. Assim que começarmos a nos organizar e inovar dentro dessa perspectiva , os resultados serão extraordinários. Vão nos permitir alcançar taxas de produtividade e de recursos muito superiores, que nos tornarão prósperos, alimentados, vestidos e seguros. E além do mais, os maiores especialistas do assunto, avaliam que a inovação para uma vida mais sustentável será um mecanismo econômico dos mais poderosos, a começar pelo pensamento que tratar da mudança climática é o maior programa de geração de emprego disponível. E isso é fato...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Mito 5 - Tem tudo a ver com a reciclagem

Por algum motivo a reciclagem foi a mensagem marcante do movimento ambientalista no início dos anos 70. E é obvio que reciclar é importante: reutilizar metais, papel, madeira, e plásticos em vez de descartá-los, reduz a necessidade de extrair matéria-prima do solo, das florestas e das reservas de combustíveis fósseis. O uso mais eficiente de quase tudo é um passo em direção à sustentabilidade. Mas é apenas uma peça do quebra-cabeça. Já está provado e comprovado que de longe as áreas mais importantes em termos de sustentabilidade são a energia e o transporte, então se você acha que leva uma vida sustentável só porque recicla, é melhor repensar o assunto e começar reciclando a sua mente. Avalie a ideia...

quinta-feira, 31 de março de 2011

Mito 4 - A sustentabilidade tem um alto preço



Se existe uma vaca sagrada dentro do conceito de sustentabilidade, então é esse o mito. Isso porque grandes estudiosos do assunto observaram que "há um pouco de verdade nisso". Mas apenas um grãozinho. É verdade apenas em um curto prazo e sob certas circunstâncias, mas certamente não a longo prazo. A verdade é que já temos um sistema insustentável em vigor (ex. uma lareira em casa, uma lâmpada incandescente na luminária ou um veículo trafegando com apenas um passageiro) você tem que gastar um pouco para mudar para uma tecnologia mais sustentável.
Em geral, os governos e as empresas conseguem dar  esse passo com mais facilidade que as pessoas. Nos últimos sete anos a DuPont (empresa de produtos e serviços) fez investimentos que reduziram a emissão de gases do efeito estufa em 72% em relação aos níveis de 1990. Com isso economizaram US$ 2 bilhões. Esse exemplo e uma das  provas que a sustentabilidade não é tão cara como tantos pensam e publicam.
A minha opinião é a seguinte, se tratando do bem estar de nossa "casa" não existe alto preço, pois a conta final pode sair bem mais alta do que se pode calcular.



Té o próximo mito.
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