
Post longo mais bem interessante.
Vou relatar agora um dos momentos mais emocionantes que vivi até ao longo do meu curso.
Estava eu em trabalho de estagio na Rebio Guaribas, que é uma Reserva Biológica do Ibama localizada entre os municípios de Rio Tinto/Mamanguape.
Meu estagio era relacionado com educação ambiental, mas o que eu queria mesmo era mexer com algum tipo de animal, não importava qual. De repente mais ou menos umas 14:00 horas chega uma ligação na Rebio, tinha sido uma preguiça que tinha caído de um figueira. Então lá vai a equipe do Ibama se deslocar da área rural para a área urbana, e eu lá só brechando com uma cara de pidão daquelas, e de repente aos 45 minutos do 2° tempo já com o carro em movimento me chamaram. "Quer ir com agente Pablo?".
E eu fui. Chegando lá o que encontramos foi uma preguiça, adulta, fêmea e com um filhote agarrado e estático no peito de sua mãe.Não contei conversa, logo de cara vi que a mãe esta morta, teria quebrado cervical, provavelmente caiu de costas para salvar seu filhote. Soltei a preguicinha da mãe e fiquei tomando de conta dela enquanto o pessoal do Ibama tratou de guardar a mãe para ir para a estufa. Chegamos na Rebio por volta das 16:00 quase na hora de ir embora, mais ainda a tempo de tentar dar algo de comer para a pequena preguiça. Tentei de tudo mas não consegui, voltei para João Pessoa com o coração na mão doido para continuar com a preguiça.

Passei a noite pensando em como fazer para a preguiça sobreviver, provavelmente ainda estivesse mamando, por isso não aceitou nenhum outro tipo de alimento, então o que fazer. Infelizmente a Rebio Guaribas não dispõe de Veterinários. então coube a mim um simples estudante de ecologia salvar a preguiça. Pensei em tudo e a melhor alternativa que encontrei foi re-introduzida ao seu habitat, só que eu não iria simplesmente deixar a preguiça no tronco de uma figueira, lembrei que na área da universidade era repleta de figueiras então corri logo para lá e passei toda a manhã olhando para cima procurando uma preguiça e de preferência que estivesse com algum filhote, pois ela poderia até adotar a nossa preguicinha. Depois de toda a manhã olhando para cima e já com torci colo eu consegui encontrar. E agora a parte mais difícil, fazer essa preguiça encontrada descer da figueira e adotar a nossa órfã.

Depois de muito tempo e de muita simulação de choro de preguiça ela desceu, não apenas desceu como se baixou para a preguicinha subir por suas costas e se pendurar em seu peito e as duas subiram, foi a ultima vez que vi a pequena preguiça, tentei fazer o seu monitoramento por mais de uma semana, só que o que achei foi uma tremenda torci colo de tanto ficar olhando para cima.

Ouvi pessoas que trabalham na universidade dizendo que viram uma preguiça pequena morta no chão, eu não vi, e prefiro não acreditar, pois como disse passei mais de uma semana indo directo nas figueiras da área externa da universidade e nada encontrei, como que eles que só fazem passar por lá acharam?
O que eu espero é que a pequena preguicinha tenha se adaptado bem e tenha sido bem aceita em sua nova família. Pois nós aos poucos estamos reduzindo os "habitats" de diversas de espécies, essa preguiça que caiu não foi a primeira e não será a ultima a morrer pela perda de seu "habitat".